BUDISMO – UMA REFORMA DA PRÓPRIA VIDA
Com o
princípio “Abraçar o Gohonzon é a Própria Iluminação”, o Budismo de Nitiren
Daishonin possibilita a todas as pessoas manifestar a natureza de Buda dentro
de sua própria vida. Em termos práticos, a manifestação da natureza de Buda nos
dá a força para vencer os problemas e situações difíceis da nossa vida e ao
mesmo tempo realizar uma mudança revolucionária dentro de nós.
Vamos
considerar um primeiro aspecto: obter forças para vencer as dificuldades.
Nitiren Daishonin ensina que “este mundo saha
é a eterna terra iluminada” e que os “desejos mundanos são iluminação”. Em
outras palavras, não há uma terra do Buda à parte de onde vivemos agora, e não
existe um buda separado de nossa vida, limitado por restrições.
O budismo
enfrenta a realidade da vida humana, corrompida pelas ilusões e limitada pelos
sofrimentos da vida e da morte. Manifestar o estado de Buda é o mesmo que
estabelecer a própria independência, isto é, ser capaz de tirar proveito das
circunstâncias da vida em vez de ser controlado ou limitado por elas. O budismo
define a base dessa independência como o despertar para a Lei suprema da vida e
a fusão com ela. O estabelecimento desse eu original ou independente é o
sinônimo da manifestação do estado de Buda no interior da vida. Por esta razão,
o estado de Buda não pode ser visto como algo separado do mundo real ou como um
assunto da vida futura. A natureza de Buda emerge de forma prática como sabedoria
e energia vital, que proporcionam o avanço da pessoa em todos os aspectos da
vida.
Vejamos
agora, brevemente, o segundo aspecto: a transformação profundamente positiva no
estado de vida. O budismo analisa as condições de vida pelas quais o ser
humano passa e as classifica como Dez Estados da Vida, que são: Inferno, Fome,
Animalidade, Ira, Tranquilidade, Alegria, Erudição, Absorção, Bodhisatva e
Buda. Por exemplo: Inferno indica uma vida de sofrimentos insuportável, e
Fome, um estado dominado por uma ganância insaciável. Esses mundos são
descrições da condição interior da pessoa.
Os primeiros
seis estados, do Inferno ao da Alegria, são condições que emergem em reação aos
estímulos do meio ambiente em que a pessoa vive. Nessas condições, ela é
influenciada e controlada pelas circunstâncias. De acordo com a transformação
de suas circunstâncias, a pessoa se move de um dos seis estados para outro. O
budismo, ao procurar um estado independente e absoluto, diferente daqueles seis
mundos incertos, examina as profundezas da vida e descobre os quatro estados
elevados: Erudição, Absorção, Bodhisattva e estado de Buda. O Sutra de Lótus
ensinou que o estado de Buda, o mais alto entre os quatro, é inerente à vida de
todos os seres humanos e definiu como seu objetivo fundamental o
estabelecimento de uma vida independente baseada na condição de vida do estado
de Buda.
Acabamos de
examinar os quatro estados de vida mais elevados em contraste com os seis mais
baixos. Examinando-os mais profundamente, vemos que cada um dos Dez Estados
contém, por sua vez, esses mesmos Dez Estados, incluindo o estado de Buda. Esse
é o princípio da Possessão Mútua dos Dez Estados. Manifestar o estado de Buda
não significa negar os outros nove; antes, ele possibilitará que a pessoa harmonize-os
corretamente e use-os positivamente. Nitiren Daishonin ensinou que isso se
torna possível quando se abraça o Gohonzon,
a entidade da iluminação do Buda Original.
Vários
impulsos, tanto bons como maus, existem nas profundezas da vida humana. Ao se
basear na Lei que permeia o âmago da própria vida, todos os impulsos maus e
egoísticos, assim como os nobres e compassivos, são harmonizados, elevados e
dirigidos para serem úteis a si aos outros. Eis o significado máximo do Budismo
Nitiren.
(Extraído do Livro Síntese do Budismo, Editora Brasil Seikyo,
p. 88-91)
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